O saudosismo é um sentimento
comum e que tende a crescer conforme a idade nos avança. Muitas vezes, a
nostalgia voa para épocas que sequer vivemos. Aos admiradores da música tal sentimento
está sempre presente, o que leva muitas pessoas a sentenças como: música boa
era só antigamente, hoje em dia não há nada que preste!
Dando sequência à série de álbuns
que mais me agradaram no ano de 2018, agora enumero, novamente por ordem
cronológica, meus destaques do segundo semestre.
Julho: O potencial
apresentado pelo Halestorm nos seus primeiros dois trabalhos era inegável a
quem conseguia ver além do estereótipo “banda de menina”. O terceiro disco
partiu para praias mais sólidas, mas com Vicious
a banda alcançou seu trabalho mais conciso. Os riffs de guitarra continuam
ótimos, agora melhor distribuídos pelas faixas. A voz de Lzzy Hale melhor
explorada do que nunca. A produção tirou proveito da veia pop adolescente com
guitarras distorcidas, agora sem pudor, em faixas como Do Not Disturb, Conflicted,
além do single Uncomfortable. Mas o
destaque fica para as pedradas Killing
Ourselves to Live, Black Vultures
e Painkiller. Essencial: a balada The Silence, melhor performance vocal da
carreira de Lzzy e talvez a mais bela canção do ano.
Ainda em julho que vale uma
audição, Dictator do Scars on
Broadway (para dar um gostinho aos órfãos do System of a Down) e The Sacrament of Sin do Powerwolf.
Agosto: Um dos ícones da
era do grunge, Alice in Chains sempre apresentou trabalhos impecáveis. Rainier Fog, já vem sendo considerado
talvez o melhor trabalho da banda desde a morte de Layne Staley. Menos
experimental do que dois anteriores e mais direto, o álbum lembra grandes
momentos da banda em seu auge. Os vocais conjuntos de Jerry Cantrell e William
DuVall abrilhantam melodias vigorosas. The
One You Know abre mostrando a que veio. O virtuosismo de Cantrell na
guitarra é inegável, mas com o ambiente certo, mais ainda brilham seus riffs,
bases e solos. Ao fim, as dez faixas se mostram pouco tendo em vista que
nenhuma destoa da grande qualidade entregada. Aos preguiçosos vale começar
conferindo Never Fade e Maybe.
Setembro: Talvez o mais
controverso do ano por se tratar de talvez a maior lenda viva da música, Sir
James Paul McCartney, cuja lenda o precede e dispensa apresentações. Egypt Station foi lançado cinco anos
após seu antecessor e, mesmo bem recebido pela crítica especializada, causou
desagrado em uma nem tão grande parcela de fãs. Muito pelo tom mais pop e
comercial há tempos não usado pelo músico, como em faixas como Come on to Me e (principalmente) Fuh You. Mas mesmo o fã mais nostálgico
não pode negar o fato de que Paul em quase sessenta anos de carreira sempre foi
adepto de inovações e mudanças no seu estilo, procurando não se repetir. Não se
pode negar também o fato de mesmo trabalhos menos brilhantes do ex-beatle
contêm músicas que valem muito a pena. I
Don’t Know, que abre o disco, é um bom exemplo disso, assim como Dominoes, Whos Cares, (que lembra Get
Back), Hunt You Down e Caesar Rock. Há também uma peculiar
homenagem ao Brasil na faixa Back in
Brazil. Menção
também ao terceiro disco da parceria
Slash com Myles Kennedy and the Conspirators, Living the Dream.
Outubro: Três lançamentos
que valem destaque, embora nenhum esteja necessariamente entre os melhores do
ano. O primeiro, Evolution do
Disturbed, era bastante aguardado pelos fãs após o sucesso de seu antecessor.
Mesmo um bom trabalho, acabou por ser menos impactante. Com o estouro de The Sound of Silence em 2015 a banda
resolveu apostar mais em baladas como Watch
You Burn, Already Gone e A Reason to Fight. Mas seu som
característico continua presente em faixas como The Best One Lie e No More.
O segundo é Anthem of the Peaceful Army,
disco de estreia da banda cover do Led Zepellin Greta Van Fleet. Com dez
faixas, o álbum cumpre o que promete: emular o som característico do início dos
anos setenta. Apesar de não aparentar original, as músicas apresentam boa
qualidade. Lover, Leaver (Taker, Bealiever), Watching Over e o single When
the Curtain Falls valem uma audição de bom grado. O terceiro: os
veteranos e consagrados escoceses do Nazareth lançaram Tattooed on My Brain, o primeiro trabalho sem o vocalista original Dan
McCafferty. Como muitos e muitos trabalhos da banda, vale ser ouvido em bom
volume. Curiosamente com a presença do novo vocalista, Carl Sentance, as
músicas soam muitas vezes mais como Van Halen.
Novembro: Outra banda que
apostou em um tipo de nostalgia revisada foi o Muse com Simulation Theory, como se fosse uma trilha sonora de filmes
futuristas dos anos oitenta como Tron ou Devolta para o Futuro. O conceito se
estende por todo disco e mais agrada do que desagrada, recheado de bons
momentos, como The Dark Side, Pressure, Thought Contagion, Blockades
e Something Human. Importante
ressaltar também o lançamento de Shiny
and Oh So Bright, Vol. 1 / LP: No Past. No Future. No Sun. do cultuado The
Smashing Pumpkins, provavelmente seu melhor trabalho em quase vinte anos. O
título enorme contradiz com número de faixas (apenas oito – todas muito
agradáveis) que se alternam entre climas mais calmos e com mais peso. Marca
também a volta de membros clássicos como Jimmy Chamberlin na bateria e James
Iha na guitarra.
Dezembro: O último mês do
ano não trouxe a luz grandes nomes do rock (pelo menos até o dia que este texto
está sendo pubiclado), principalmente pelo adiamento de Resist do Within Temptation para 2019. O nome a ser considerado é o
da lenda do thrash metal, Venom (a banda, não o filme também lançado há pouco
tempo), que lançaram o décimo quinto álbum de sua carreira, Storm the Gates. Destaques: Bring Out Your Dead, Notorious e Destroyer.
E o desejo permanece de que 2019
transborde de bons álbuns e boas músicas, de artistas consagrados e novatos. Agradando
ou não os saudosistas!
P.S.: Minha lista pessoal de
preferidas do ano:
por Marcelo Mendonça
Siga no INSTAGRAM.